HISTÓRIA
O primeiro contacto europeu com a ilha foi feito pelos portugueses quando estes lá chegaram em 1512 em busca do sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha. Durante quatro séculos, os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha. Dili, a capital do Timor Português, apenas nos anos 60 do século XX começou a dispor de luz eléctrica, e na década seguinte, água, esgoto, escolas e hospitais. O resto do país, principalmente em zonas rurais, continuava atrasado.
Após a Revolução dos Cravos, o governo português decidiu abandonar a ilha em Agosto de 1975, passando o poder à FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste) que proclamou a república em 28 de Novembro do mesmo ano. Porém, a independência durou pouco tempo. O general Suharto, governante da Indonésia, mandou tropas do exército invadirem a ilha. Em 7 de Dezembro, os militares indonésios desembarcavam em Dili, ocupando brevemente toda a parte oriental de Timor, apesar do repúdio da Assembleia-Geral da ONU.
A ocupação militar da Indonésia em Timor-Leste fez com que o território se tornasse a 27.ª província indonésia, chamada "Timor Timur". Uma política de genocídio resultou num longo massacre de timorenses. Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeios do exército da Indonésia, sendo que foram utilizadas toneladas de napalm contra a resistência timorense. O uso do produto queimou boa parte das florestas do país, limitando o refúgio dos guerrilheiros na densa vegetação local.
Entretanto, a visita do Papa João Paulo II a Timor-Leste, em Outubro de 1989, foi marcada por manifestações pró-independência que foram duramente reprimidas. No dia 12 de Novembro de 1991, o exército indonésio disparou sobre manifestantes que homenageavam um estudante morto pela repressão no cemitério de Santa Cruz, em Dili. Cerca de 200 pessoas foram mortas no local. Outros manifestantes foram mortos nos dias seguintes, "caçados" pelo exército da Indonésia.
A causa de Timor-Leste pela independência ganhou maior repercussão e reconhecimento mundial com a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao bispo Carlos Ximenes Belo e José Ramos Horta em Outubro de 1996. Em Julho de 1997, o presidente sul-africano Nelson Mandela visitou o líder da FRETILIN, Xanana Gusmão, que estava na prisão. A visita fez com que aumentasse a pressão para que a independência fosse feita através de uma solução negociada. A crise na economia da Ásia no mesmo ano afectou duramente a Indonésia. O regime militar de Suharto começou a sofrer diversas pressões com manifestações cada vez mais violentas nas ruas. Tais actos levam à demissão do general em Maio de 1998.
Em 1999, os governos de Portugal e da Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a independência do território, sob a supervisão de uma missão da Organização das Nações Unidas. No mesmo período, o governo indonésio iniciou programas de desenvolvimento social, como a construção e recuperação de escolas, hospitais e estradas, para promover uma boa imagem junto aos timorenses.
Percebendo que Timor-Leste estava prestes a conquistar a independência, a ala radical do exército indonésio recrutou e treinou milícias armadas locais para espalharem o terror entre a população. Apesar das ameaças, mais de 98% da população timorense foi às urnas no dia 30 de Agosto de 1999 para votar na consulta popular, e o resultado apontou que 78,5% dos timorenses queriam a independência.
As milícias, protegidas pelo exército indonésio, desencadearam uma onda de violência antes da proclamação dos resultados. Homens armados mataram nas ruas todas as pessoas suspeitas de terem votado pela independência. Milhares de pessoas foram separadas das famílias e colocadas à força em caminhões, cujo destino ainda hoje é desconhecido. A população começou a fugir para as montanhas e buscar refúgio em prédios de organizações internacionais e nas igrejas. Os estrangeiros foram evacuados, deixando Timor entregue à violência dos militares e das milícias indonésios.
A ONU decide criar uma força internacional para intervir na região. Em 22 de Setembro de 1999, soldados da ONU entraram em Dili e encontraram um país totalmente incendiado e devastado. Grande parte da infra-estrutura de Timor-Leste havia sido destruída e o país estava quase totalmente devastado.
Xanana Gusmão, líder da resistência timorense, foi libertado logo em seguida.
Em Abril de 2001, os timorenses foram novamente às urnas para a escolha do novo líder do país. As eleições consagraram Xanana Gusmão como o novo presidente timorense e, em 20 de Maio de 2002, Timor-Leste tornou-se totalmente independente.
Em 2006, após uma greve que levou a uma demissão em massa nas forças armadas leste-timorenses, um clima de tensão civil emergiu em violência no país. Em 26 de Junho o então primeiro-ministro Mari Bin Amude Alkatiri deixou o cargo, assumindo interinamente a coordenaria ministerial José Ramos Horta, que, em 8 de Julho, foi indicado para o cargo pelo presidente Xanana Gusmão, pondo termo ao clima vigente.
A situação permanece razoavelmente estável devido à intervenção militar vinda da Malásia, Austrália, Nova Zelândia e à pressão política e militar de Portugal que tenta apoiar Timor-Leste no seu desenvolvimento.
José Ramos Horta era apontado pela imprensa portuguesa como um dos sucessores de Kofi Annan no cargo de secretário-geral da ONU. Ramos Horta não confirmou o seu interesse no cargo, mas também não excluiu a hipótese.
Na segunda volta das eleições de 9 de Maio de 2007, Horta foi eleito Presidente da República de Timor-Leste, em disputa com Francisco Guterres Lu Olo, sucedendo a Xanana Gusmão no cargo.
A 6 de Agosto de 2007, José Ramos Horta indica Xanana Gusmão, ex-presidente da república, como 4º primeiro-ministro da história do país sucedendo a Estanislau da Silva. Xanana Gusmão líder do renovado CNRT apesar de 2º classificado nas eleições legislativas de Junho com 24,10% dos votos, atrás dos adversários da FRETILIN de Francisco Lu-Olo alcançou uma série de acordos pós-eleitorais com as restantes forças políticas da oposição que conferem ao seu governo um estatuto de estabilidade.
O Liurai
Antes da administração portuguesa, Timor Leste era composto por vários reinos, divididos por vários sucos e povoações. Estes reinos eram governados por régulos, designados por liurais.
Com a colonização, os diversos reinos foram sucessivamente desmembrados, quebrando-se o poder tradicional. No entanto, os sucos, integrados em reinos ou independentes, permaneceram como célula fundamental da estruturação política de Timor Leste. O termo liurai passou, então, a designar o chefe de suco, como o mais alto poder timorense na respectiva área.
Pertencendo às famílias nobres, os datos, um liurai é eleito pelos seus iguais e descendentes, os principais. Perante a morte de um liurai, o seu sucessor é designado por eleição de entre os membros da linhagem régia. A linha é geralmente patrilinear e, talvez por isso, a forma de tratamento mais vulgar destes chefes é amo, semelhante a áman (pai, em tétum). Ainda que detentores do poder executivo, os liurais são controlados pelos anciãos do reino, em particular pelo dato-boi, o chefe-sombra, sobre quem recai a responsabilidade de guardar e fazer cumprir os usos e costumes. Apesar de, actualmente, o liurai não possuir praticamente poder político ou administrativo, a sua figura mantém-se e é alvo de respeito e reverência por parte de toda a população.
GEOGRAFIA
Timor-Leste possui um território de 18 mil km², ocupando a parte oriental da ilha de Timor. O país é muito montanhoso e tem um clima tropical. Com chuvas dos regimes das monções, enfrenta avalanches de terra e frequentes cheias. O país possui 800 mil habitantes.
A ilha de Ataúro, ao norte de Díli, e o ilhéu de Jaco, a leste do país, também fazem parte do território timorense.
Fronteiras terrestres
Total: 228 km
País com quem faz fronteira: Indonésia
Clima
Tropical; quente e húmido; com distinção clara entre estações secas e chuvosas
Terreno
Montanhoso
Elevações
Ponto mais baixo: Mar de Timor, Mar de Savu e Mar de Banda: 0 m
Ponto mais alto: Monte Ramelau (ou Foho Tatamailau): 2.963 m
Recursos naturais
Petróleo, gás natural, manganésio, mármore, ouro
Desastres naturais
As cheias e derrocadas são comuns; terramotos, maremotos, furacões
Ambiente
As queimadas e a agricultura intensiva têm levado à desflorestação e à erosão dos solos
DIVISÃO ADMINISTRATIVA
Timor-Leste está subdividido em 13 distritos administrativos:
1. Lautém
2. Baucau
3. Viqueque
4. Manatuto
5. Díli
6. Aileu
7. Manufahi
8. Liquiçá
9. Ermera
10. Ainaro
11. Bobonaro
12. Cova-Lima
13. Oecussi-Ambeno
Os actuais distritos de Timor-Leste mantêm, com poucas diferenças, os limites dos 13 concelhos existentes durante os últimos anos do Timor Português.
Cada um destes 13 distritos possui uma cidade capital e é formado por subdistritos, variando o seu número entre três e sete, numa média de cinco subdistritos por distrito, num total de 67. Os subdistritos possuem, cada um, uma localidade sede e subdivisões administrativas, os sucos, que variam entre dois e 18 por subdistrito, totalizando 498 sucos.
CLIMA E VEGETAÇÃO
O clima de Timor é tropical húmido com alternância de estação seca e estação das chuvas. A costa norte quase não tem chuva entre Maio e Novembro. As montanhas centrais e a costa sul registam elevada precipitação e mantêm-se verdes ao longo do ano. Dili, na costa norte, tem uma precipitação total anual de 898mm (em média), metade da qual entre Dezembro e Fevereiro. Há frequentemente cheias na estação das chuvas, com enxurradas, estradas cortadas e desabamentos frequentes. As temperaturas diurnas rondam os 30-40º C nas terras baixas, decrescendo até uns escassos 20ºC à noite. Noites mais frias, com mínimos de cerca de 15º C, ocorrem nos lugares altos.
A vegetação reflecte a localização relativa de Timor, entre a Indonésia Ocidental equatorial e o Noroeste Australiano seco.
Beatriz Reguengo, 8ºA